Autonomia das mulheres no parto
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Resumo
Objetivo: Analisar o exercício da autonomia na não escolha da via de nascimento entre mulheres grávidas. Métodos: Estudo qualitativo, realizado a partir de quatro grupos focais, com 31 gestantes primigestas e não primigestas em um município de Minas Gerais. Fizemos análise lexical através de Nuvem de Palavras e Árvore de Similitude. Resultados: As mulheres não se sentem participativas nem respeitadas na escolha da via de nascimento e suas decisões não são pautadas no exercício da autonomia. A maioria das mulheres apresenta preferência por uma das vias de nascimento, entretanto, suas “escolhas” esbarram na imposição profissional, na falta de disponibilidade para acompanhar o trabalho de parto e parto, no receio de vivenciar uma experiência ruim e nas indicações falaciosas de cesariana. Por não terem escolha, as mulheres optam pela “cesárea a pedido” visando fugir da violência obstétrica. Existe uma “autonomia limitada”, exercida sem conhecimento prévio dos riscos e benefícios de cada modo de nascer. Conclusão: Na perspectiva das parturientes, o modo de nascer é determinado pelos profissionais que assistem o parto e as mulheres não têm exercido autonomia nessa decisão. Há um retrocesso no reconhecimento dos direitos femininos que impossibilita o exercício pleno da autonomia no trabalho de parto e nascimento.
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