Nascer em Belo Horizonte: fatores gineco-obstétricos e processo decisório da via de nascimento na rede suplementar de saúde

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Carla Lima Ribeiro
Larissa Fernanda do Couto Brandi
Roberto Allan Ribeiro Silva
Fernanda Penido Matozinhos
Eunice Francisca Martins
Kleyde Ventura de Souza

Resumo

Objetivo: Analisar a associação entre fatores gineco-obstétricos e o processo decisório sobre a via de nascimento na rede suplementar de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Métodos: Estudo transversal realizado em quatro maternidades da rede suplementar de saúde. A amostra incluiu 223 mulheres, e modelos de regressão de Poisson ajustados foram aplicados para estimar a Razão de Prevalência (RP). Resultados: A maioria das mulheres tinham entre 20 e 34 anos (73,33%), pele não branca (55,36%), ensino médio (51,01%) e 96,6% realizaram pré-natal no setor privado. A cesariana foi a via predominante (69,06%), com 36,31% das mulheres não entrando em trabalho de parto e, em 39,24% dos casos, a decisão pela via de nascimento foi atribuída ao médico. A ausência de partos normais prévios e a presença de intercorrências obstétricas aumentaram a prevalência de cesariana. Conclusão: A elevada taxa de cesarianas na rede suplementar de saúde reflete a influência de fatores obstétricos e da decisão médica no processo. Torna-se essencial que a equipe multidisciplinar promova uma assistência segura e qualificada, garantindo a participação ativa das mulheres durante a gestação, parto e puerpério.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
RibeiroC. L., BrandiL. F. do C., SilvaR. A. R., MatozinhosF. P., MartinsE. F., & SouzaK. V. de. (2025). Nascer em Belo Horizonte: fatores gineco-obstétricos e processo decisório da via de nascimento na rede suplementar de saúde. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 25(5), e20007. https://doi.org/10.25248/reas.e20007.2025
Seção
Artigos Originais

Referências

1. BRASIL. Ficha técnica – Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) – ano-base 2023. Brasília, DF: Agência Nacional de Saúde Suplementar, 2024.

2. BRASILEIRO ACM, PEREIRA FA. Cesarianas eletivas no Brasil: exercício ou negação da autonomia das pacientes? Revista do Instituto de Ciências Penais, 2021; 6(1): 185–221.

3. CAMPOS ASDQ, et al. Efetividade do Programa Parto Adequado na diminuição das taxas de cesárea de maternidades privadas no Município de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 2024; 40(9): e00216623.

4. COPELLI FHDS et al. Determinants of women’s preference for cesarean section. Texto & Contexto - Enfermagem, 2015; 24(2): 336–343.

5. DIAS BAS et al. Variações das taxas de cesariana e cesariana recorrente no Brasil segundo idade gestacional ao nascer e tipo de hospital. Cadernos de Saúde Pública, 2022; 38(6): e00073621.

6. DIAS MAB et al. Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo: estudo de caso em duas unidades do sistema de saúde suplementar do estado do Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, 2008; 13(5): 1521–1534.

7. DIAS MAB et al. Factors associated with cesarean delivery during labor in primiparous women assisted in the Brazilian Public Health System: data from a National Survey. Reproductive Health, 2016; 13(S3): 114.

8. DINIZ SG. Gênero, saúde materna e o paradoxo perinatal. Journal of Human Growth and Development, 2009; 19(2): 313.

9. DOMINGUES RMSM et al. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cadernos de Saúde Pública, 2014; 30(Suppl 1): S101–S116.

10. FERRARI AP, et al. Associação entre pré-natal e parto na rede de saúde suplementar e cesárea eletiva. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2016; 19(1): 75–88.

11. FERREIRA ALS et al. Consequências do parto cesárea sem indicação clínica. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, 2022; 210–219.

12. IBGE. Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2024.

13. LANSKY S, et al. Violência obstétrica: influência da Exposição Sentidos do Nascer na vivência das gestantes. Ciência & Saúde Coletiva, 2019; 24(8): 2811–2824.

14. LEAL MDC et al. Saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil nos 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). Ciência & Saúde Coletiva, 2018; 23(6): 1915–1928.

15. LEAL MDC et al. Os percursos do parto nas políticas de saúde no Brasil por suas testemunhas: entrevista com Maria do Carmo Leal e Marcos Dias. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 2019; 26(1): 319–334.

16. LEAL MDC et al. A cor da dor: Iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 33, e00078816.

17. MENDES YMMBE, RATTNER D. Structure and practices in hospitals of the Apice ON Project: a baseline study. Revista de Saúde Pública, 2020; 54: 23.

18. MOTTA CT, MOREIRA MR. O Brasil cumprirá o ODS 3.1 da Agenda 2030? Uma análise sobre a mortalidade materna, de 1996 a 2018. Ciência & Saúde Coletiva, 2021; 26(10): 4397–4409.

19. OMS. Declaração da OMS sobre Taxas de Cesáreas. [s.l: s.n.].

20. OPAS. Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030: um chamado à ação para a saúde e o bem-estar na região. Washington: OPAS, 2017.

21. PIRES RCR et al. Tendências temporais e projeções de cesariana no Brasil, macrorregiões administrativas e unidades federativas. Ciência & Saúde Coletiva, 2023; 28(7): 2119–2133.

22. RUDEY EL, LEAL MDC, REGO G. Cesarean section rates in Brazil: Trend analysis using the Robson classification system. Medicine, 2020; 99(17): e19880.

23. SILVA RP, PAZIN-FILHO A. Taxa e custos médicos diretos de cesáreas em beneficiárias da saúde suplementar no estado de São Paulo, Brasil: 2015 a 2021. Ciência & Saúde Coletiva, 2024; 29: e00512023.

24. VASCONCELLOS MTL, et al. Desenho da amostra Nascer no Brasil: Pesquisa Nacional sobre Parto e Nascimento. Cadernos de Saúde Pública, 2014; 30(Suppl 1): S49–S58.

25. VILELA MEDA, et al. Avaliação da atenção ao parto e nascimento nas maternidades da Rede Cegonha: os caminhos metodológicos. Ciência & Saúde Coletiva, 2021; 26(3): 789–800.

26. VOGEL JP et al. Use of the Robson classification to assess caesarean section trends in 21 countries: a secondary analysis of two WHO multicountry surveys. The Lancet Global Health, 2015; 3(5): e260–e270.

27. WHO. Robson classification: implementation manual. Geneva: World Health Organization, 2017.